quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Lição 1: Vamos aprender patchwork?

Eu prometi, então vamos começar! Fiquei de ensinar aqui como se faz um painel como o que fiz e sorteei durante a 4ª Mostra de Patchwork de Pouso Alegre. Para quem não viu, esse aqui:


Mas antes de começar vou fazer o que faço com toda aluna nova, e passar umas noções teóricas.

Para fazer uma peça em patchwork, é preciso ter um projeto - ou receita. É como fazer bolo: você tem uma lista de ingredientes e o modo de fazer. Mas... quem é craque não precisa de receita, não: mistura os ingredientes usando o "olhômetro" e sai uma maravilha. Fofíssimo, não é, D. Cleusa? E quando a gente pede a receita elas explicam tudo por alto, em termos vagos. Tem gente que é tão craque que bate o olho em uma receita e sai mudando tudo: ela sabe como os ingredientes interagem, sabe alterar quantidades, sabores, texturas... e no final dá tudo certo. A culinária é flexível, e quem entende bem a coisa pode TUDO. Usa e abusa da imaginação e cria suas próprias receitas.

O patchwork devia ser assim também, mas nem sempre é. Na minha concepção, toda aluna precisa receber as noções que lhe permitirão CRIAR. Alterar. Substituir. Acrescentar. Personalizar. Como na culinária, as possibilidades são infinitas. Por que ficar presa a uma receita pronta em um livro ou revista?

Então vamos aprender essas noções.

Em se tratando de patchwork, a palavra chave é proporção. Todo bloco - e toda peça - é desenhado em uma grade invisível, como se fosse um papel quadriculado. Digo "invisível" porque não se percebe essa grade imediatamente ao se olhar para um bloco. Vejam este, por exemplo:


Agora olhe novamente:


Perceberam como as unidades que formam o bloco são proporcionais? E que elas estão distribuídas em uma grade de 5 x 5 quadradinhos?

Agora eu preciso descobrir o tamanho de cada quadradinho dessa grade. E a boa notícia é: NÓS atribuímos aos quadradinhos o tamanho que desejarmos. Eu não posso escolher um tamanho para o bloco sem considerar o tipo de grade: se eu decidir, por exemplo, que quero um bloco de 8 polegadas, vai dar encrenca: 8 dividido por 5 (quadradinhos da grade) não dá uma conta exata; cada quadradinho vai medir 1.6. Isso não é legal. Mais fácil é eu atribuir um tamanho para o quadradinho: se eles medirem 1 polegada, o bloco medirá 5. Se eles medirem 2 polegadas, o bloco medirá 10. 

E se eu fizer questão de um bloco de 8 polegadas?

Então eu preciso escolher um desenho formado em uma grade com número de quadradinho divisor de 8 - como 4 ou 2. Todos os blocos do painel natalino se encaixam nessa categoria. Veja só:


Mas eu vou explicar melhor sobre grade de bloco mais para a frente, pois vou ensinar bloco por bloco desse painel nas próximas postagens. O importante por ora é a gente aprender a enxergar essa grade invísivel e atribuir um tamanho único a cada quadradinho. Assim saberemos que tamanho cortar cada pecinha que compõe o design - ou seja, saberemos elaborar a "lista de ingredientes" da receita do "bolo".

Agora vamos tentar enxergar uma grade no projeto inteiro. Vamos ver a foto do painel de novo - mas com a grade:

O painel todo está montado em uma grade de 5 x 5 quadradinhos. Os blocos maiores - a guirlanda, a casinha e a estrela - medem o dobro dos menores. O bloco com os pinheiros tem a mesma largura dos menores, mas o dobro da altura. Tudo proporcional. 

Eu queria um painel medindo aproximadamente 20 polegadas; isso dividido por cinco daria 4 polegadas por unidade da grade. E aí eu tive de conferir se esse tamnho estava ok para TODOS os blocos - e estava, como veremos nas lições individuais de cada bloco.

20 polegadas dá um pouco mais de meio metro. Se eu quisesse um painel maior eu poderia ter atribuído 6 polegadas - em vez de 4 - a cada unidade da grade. Os blocos menores mediriam 6 polegadas cada e os maiores, 12. O painel, sem bordas, mediria 30 polegadas - cerca de 75 centímetros. Ou seja, 25% a mais.

A essa altura já deve ter gente se perguntando que tanto eu falo em polegadas. Sim, eu trabalho com o método em polegadas. Quando aprendi não havia cursos em minha área, não existia equipamento de corte brasileiro, em centímetros, e eu tive de apelar para os livros importados. Depois eu até pensei em converter os valores e fórmulas para centímetros, mas descobri que não compensa: a polegada é maior e mais fácil de usar, os cálculos ficam bem mais enxutos e exatos. Mas esse assunto vai render uma postagem exclusiva, breve. Não tem segredo:o equipamento já traz tudo marcadinho como precisamos - é só aprender a entender a régua de corte.

Deve ter gente pensando também: "Nossa, quantos detalhes...!". Sim, mas é como tudo que começamos a aprender: quem aí lembra do primeiro dia na auto-escola? O instrutor mostrando mil controles, botões e pedais ao mesmo tempo, e a gente se perguntando quantos braços e olhos precisa ter para dar conta de tudo! Anos depois, a gente pega o carro, vai ao trabalho, escola, supermercado e etc. ouvindo música e dando bronca no filho que está no banco de trás. E nem presta atenção ao trajeto. Ou seja, faz no piloto automático. Só requer prática. Hábito - uma palavrinha muito boa.

Também costumo perguntar a alunas novas: qual a quantidade de sal que você põe no arroz? Como sabe que o arroz já está cozido? Como decide a quantidade de tempero que põe na carne que vai assar? Esses são detalhes culinários que assustam uma novata na cozinha. Quem já sabe cozinhar nem pensa em nada disso - simplesmente faz.

Fica aqui minha promessa, então: todo mundo pode aprender patchwork, sim. Se preferir, você pode nunca aprender essas noções de design e só executar as receitas que vem prontas nas publicações. Mas você não vai querer perder o melhor da diversão, vai? A gente tem de ter fé e ser meio bruxa. É por isso que, quando está havendo aula no ateliê, o lado de fora fica assim:


Hi, hi, hi... brincadeirinha, quiltérias!

A gente continua na próxima lição. Posso sugerir um "dever de casa"? Em meu blog sobre fibras há algumas postagens em que falo sobre a filosofia e a história do patchwork. Vou sugerir uma para começar. Clique aqui.

Até a próxima!

7 comentários:

  1. Olá, adorei o post!
    Gostaria de saber onde encontro material de patchwork em Pouso Alegre. Sou noiva na região, estou morando em Monte Sião, e não encontro nada por aqui. Se puder me ajudar ficarei agradecida!
    bjos
    Denise

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    1. Olá! Desculpe demorar tanto para responder:o blogger não me enviou notificação sobre seu comentário - hoje descobri por acaso!

      Aqui em Pouso Alegre você encontra materiais nas Lojas Jomar Tecidos e Bazar Ana Maria (ambas no calçadão à esquerda da Catedral); e na LUflagi, representante da Singer (fica na Comendador, indo em direção ao Hospital, umas duas quadras antes).

      Boa sorte!

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  2. adorei o seu blog.... vou estudar tudo o que tem aqui..... tenho 72 anos e há um ano comecei a aprender patchwork e agora estou aprendendo os blocos mas gostaria de saber toda a lenda de cada um.... já consegui de alguns mas ainda não achei a do moinho dos ventos....moro em S.Lourenço, MG vc conhece alguem que poderia me orientar sobre foundation pois estou tendo dificuldade...parabéns por compartilhar e que Deus a abençoe por compartilhar ....

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  3. vi que vc dá aula..... ensina tb pela internet? estou super interessada pois pelo que estou vendo vc é MARAVILHOSA...... nossa! como vc ensina não dá para nao aprender..... vou fazer um caderno.... obrigado mais uma vez por compartilhar....quero ir ai festival de patchwork, por favor me avise.....já deixei o meu e-mail e o meu telefone é 35.33326473

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  4. adorei o seu blog.... vou estudar tudo o que tem aqui..... tenho 72 anos e há um ano comecei a aprender patchwork e agora estou aprendendo os blocos mas gostaria de saber toda a lenda de cada um.... já consegui de alguns mas ainda não achei a do moinho dos ventos....moro em S.Lourenço, MG vc conhece alguem que poderia me orientar sobre foundation pois estou tendo dificuldade...parabéns por compartilhar e que Deus a abençoe por compartilhar ....

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  5. oi aqui estou novamente e agora para agradecer a atenção que vc me deu me telefonando.... vi que vc costuma fazer uma exposição no mês de março.... já aconteceu? me avise porque se eu puder gostaria de ir.... um abraço carinhoso...

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    1. Olá de novo! Nossa exposição deste ano está prevista para maio ou junho. Com certeza anunciaremos bastante na época! Abraço e obrigada mais uma vez!

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