sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Ó, Dúvida Cruel!

Patchwork é fácil. Muito fácil!

Difícil mesmo é decidir!

Esses dias assisti a um trecho de uma palestra do professor Leandro Karnal; ele diz que a angústia do ser humano é diretamente proporcional à quantidade de opções disponíveis. A gente reclama quando não tem escolha; mas quando tem, a gente sofre para escolher...!

Na hora de confeccionar uma nova peça em patchwork, é comum gastar um tempo para decidir sobre o estilo, o design e os tecidos. O céu é o limite, e ninguém quer se arrepender. O que fazer, então?

Alguns anos atrás eu construí uma casa, e na fase final fui à loja de materiais escolher os acabamentos. Entrei e pirei: era muita opção para uma cabeça só decidir. Larguei tudo , fui para casa e me joguei em uma pilha de revistas de arquitetura e decoração (naquela época não havia o Pinterest nem os blogs de decoração). Folhei páginas, analisei fotos e fui, aos poucos, definindo dentro da cabeça o estilo, o visual que eu queria para o banheiro, a cozinha, etc.

Hoje, tempos mais modernos, temos os recursos tecnológicos que citei acima. Ajuda? Não, atrapalha rsrsrsrs...!

Brincadeira. Ajuda e muito, se soubermos praticar o auto-conhecimento, se pudermos definir um estilo - ou inventar o nosso. Eu costumo brincar que o Pinterest é o portal do diabo: após uma visitinha de meia hora queremos mudar o cabelo, a casa toda, o guarda-roupa, as receitas que gostamos de cozinhar... e tudo o mais na vida. A exposição a novas possibilidades é muito grande, e a angústia não perdoa.


Rústica & moderna, clássica, étnica, romântica...? 

Para esses recursos ajudarem de verdade, é necessário saber distinguir realmente quem somos: Não adianta ficar empolgada com uma foto de um lindo visual sofisticado e elaborado para a noite, se no fundo você se sente confortável mesmo é com um visual mais básico, minimalista, enxuto. Não adianta suspirar pela sala do chalé com paredes de madeira, tapetes de lã, muitas almofadas coloridas, lareira... se no fundo você se sente melhor em ambientes mais leves, claros, envidraçados. Até quando folheamos revistas de moda, há aquelas páginas em que não conseguimos passar batido: damos aquela paradinha, aquela segunda olhada, porque de alguma forma nos identificamos com aquele visual - mesmo que todas as fotos na revista sejam lindas, nem todas nos representam.

Da mesma forma, você pode achar lindas todas as fotos de decoração que vê na internet, mas tem umas que representam melhor seu estilo - ou o estilo que você prefere hoje: ao longo dos anos, seu estilo pode mudar e se aperfeiçoar.

Vou mostrar um pouco do processo que, mesmo sem pensar, eu segui, recentemente, ao confeccionar um novo xale de leito para meu quarto. Meu estilo costumava ser mais básico, neutro, enxuto e natureba; mas de uns anos para cá baixou a Frida Kahlo em mim, e comecei a ansiar por ambientes mais despojados, descombinados e coloridos. Caí então de amores por esta foto - principalmente o tapete:


Eu não encontraria um tapete igual para comprar; mas como eu podia desenhá-lo no computador, resolvi fazer uma colcha de patchwork igual. O projeto ficou assim:


Mas aí achei o visual poluído demais - a colcha "roubaria" a cena de tudo o mais no quarto. Comecei então a brincar com designs nesse estilo étnico até encontrar um que não fugisse ao estilo, mas fosse, ao mesmo tempo, um pouco mais leve.

Desenhando o projeto no computador, é possível detectar se o design está poluído demais, ou se tem áreas brancas demais, por exemplo.

No fim das contas, com receio de cansar do novo visual, optei por um xale de leito - que é usado sobre uma colcha mais básica e não é tão "centro das atenções" quanto uma colcha seria. Abaixo, os vários designs que testei e cogitei, e o projeto final:

Achei que este design continha muita informação...

... e que este tinha áreas brancas demais. Para quem tem gatos em casa, isso não seria legal. 

Achei este bem equilibrado, mas no momento não estava com disposição para encarar um projeto com milhares de bipartidos! 

Esta foto inspirou o design acima.

Projeto final: mesmo estilo, mas com blocos simplificados.

E o projeto pronto: aos poucos, o quarto vai ficando com o "ar" que eu queria. 

Resumindo o processo:
  1.      Exponha-se a muitos estímulos - muitas fotos e idéias;
  2.      Defina o aspecto geral do cômodo que vai ganhar a nova peça em patchwork;
  3.      Teste alguns designs, pensando pelo lado estético e prático;
  4.      Faça sua escolha final e confeccione logo a peça antes que mude de idéia rsrsrsrs!

Escolher vai se tornando mais fácil à medida em que você vai pesquisando mais e ganhando confiança. Mantenha os olhos bem abertos e exercite!

E por falar em escolher... separei hoje os tecidos para um novo projeto - uma manta de sofá. Eles estão arrumadinhos aqui na minha bancada de trabalho, e várias vezes por dia eu passo por eles e, se for o caso, faço alguma mudança. Gosto de ir me acostumando aos poucos com os tecidos escolhidos, e só começo depois de me sentir totalmente confortável com eles:


Estou mudando o estilo da sala totalmente. A inspiração também veio da internet: caí de amores pela casa de adobe da artista plástica Geninne's Art, que usa muitos azuis em suas pinturas, ilustrações e cerâmicas. Depois eu mostro no que isso vai dar.

Por hoje é só! 'Bora costurar?

Bom fim de semana!

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